
As coisas que vão no meu coração
não podem ser ditas
Pelo seu teor ordinário
Pelo seu imenso senso de inutilidade
Carrego em meu coração a humanidade
Desde a sua genesis ao seu fim
tudo aquilo que não é somente de mim
Sofro, por amor
Aquele do poeta
Aquele mundano que não se presta
As coisas que carregam meu coração
Não precisam ser ditas
São do mais elevado sofrer
São do mais rebaixado querer.
Quando somos o que desejamos
Não somos nada
Somos a humanidade inteira
Somos o caminho precário do todo pequenino.
O todo pequenino
desta pupila
da Divindade apaixonada
em nós de gentes
Nas todas pequenuras
que suspiramos
apreciar em escutas
que falam do indizível
As palavras escavadas
da carne terrosa
onde – e aqui sempre –
somos fome e pão de alma
Faz da minúscula semente
o já sumarento fruto
daquela humanidade terna
que nos percebemos
grávidos.
CurtirCurtido por 1 pessoa